O coronavírus desconfigurou o universo esportivo, trazendo inúmeras incertezas para muitos atletas profissionais. Em meio a todo o caos, o desafio é ainda maior para as mulheres, que vivenciaram uma enorme e difícil luta, que ainda se faz presente, para terem o espaço que têm hoje, embora desigual quando comparado ao masculino. No exterior, diversas ligas de várias modalidades foram canceladas, variando desde o basquete até o golf. O imenso temor e pensamentos negativos reinam e dominam a grande maioria das atletas, que têm seu trabalho dificultado ainda mais devido à pandemia e à crise da COVID-19, ainda presente em escala global. As competições femininas se diferem das masculinas em várias aspectos. Além de toda a desigualdade presente nos vários setores do esporte, sendo elas salariais ou de reconhecimento, por exemplo, as ligas femininas são drasticamente menores e, geralmente, muito menos consolidadas. As mulheres terão que se reinventar e descobrir como enfrentar os desafios provenientes dessa crise. Lisa Baird, comissária e forte imagem feminina no cenário do mundo dos esportes, assumiu o cargo um dia antes de a NBA (National Basketball Association, em português, Associação Nacional de Basquete) suspender a temporada masculina de basquete e de a NCAA (National Collegiate Athletic Association, em português, Associação Atlética Universitária Nacional) cancelar os torneios de basquete universitário. Diante disso, a empoderada mulher possui mais uma luta a ser enfrentada. A comissária sabe da urgência existente sobre o papel das norte-americanas na luta por igualdade salarial entre homens e mulheres, papel fundamental destinado a elas, já que conquistaram o título da Copa do Mundo feminina em 2019. Depois de vencerem essa Copa, o número do público voltado ao esporte feminino apresentou grande crescimento. Nessa situação, Baird é posta a mais uma preocupação, a continuação do crescimento de telespectadores em meio à pandemia, como ela disse: “Estou preocupada, é claro. Mas estou preocupada principalmente com a segurança das jogadoras e dos torcedores”.

No mundo do futebol, a FIFA está tentando reconstruí-lo sem a exclusão das mulheres, que também é defendida pela Organização das Nações Unidas. A ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional (COI) elaboraram um relatório sobre os impactos da Covid-19 em muitas áreas devido às desigualdades de gênero, inclusive no esporte. "O esporte tem um papel importante a desempenhar que é não deixar ninguém para trás. As sociedades vão precisar de ferramentas para reconectar as pessoas e reconstruir um senso de comunidade. Atividades e eventos esportivos são ocasiões perfeitas para isso, porque oferecem uma solução tangível para fortalecer a saúde física e mental das populações", defende o documento. O futebol brasileiro também apresenta problemas, e a maioria dos clubes enfrentam uma crise financeira por conta da falta de receita com patrocinadores e direitos de transmissão dos jogos. No futebol feminino, devido ainda à pouca influência e à profissionalização em comparação ao masculino, sofre problemas maiores ainda. Um exemplo é o Vitória da Bahia, em que as atletas não recebem salário nem ajuda de custo há pelo menos dois meses, apesar de o clube também ter recebido R$ 120 mil da CBF para isso. No Iranduba, do Amazonas (outro clube da elite do futebol feminino), os salários de março e abril também estão atrasados. Agora a CBF vem estudando um jeito novo de conseguir voltar com um equilíbrio financeiro nos times femininos. No meio de tantos problemas, ainda existe esperança de bons acontecimentos. A FIFA publicou neste mês o relatório sobre o financiamento solidário a ser distribuído para os clubes que tiveram participantes na competição da Copa do Mundo. Serão dados 8,5 milhões de dólares para programas de apoio e desenvolvimento do futebol para mulheres e meninas. Essa ação serve como grande ajuda para as grandes dificuldades que muitos times estão passando. Ainda assim, para muitas, a luta continua.

Texto escrito por: Luísa Salgado, Amanda Assis, Ana Carolina Sayão, Walter Badaró e Júlia Marques.
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