Abuso Infantil em plena Pandemia

Menina de 10 anos grávida vítima de estupro dentro da própria família. O suspeito por estuprar e engravidar a menina de 10 anos era seu tio de 33 anos, que após ser realizado um exame de DNA no feto e no homem, foi confirmado que ele era o agressor. O caso ocorreu em São Mateus no Espírito Santo.

Sendo a vítima menor de idade e comprovado o estupro, a justiça autorizou o aborto que foi realizado na cidade de Recife e pelo fato ter causado grande comoção, alguns dados da menina acabaram sendo vazados causando muito transtorno e constrangimento a vítima. Com isso, ela recorreu ao Programa De Apoio e Proteção as Testemunhas, Vítimas e Familiares de Vítimas de Violência, onde ela receberá ajuda para mudar de endereço e identidade.

O homem foi preso em Betim e está em cárcere desde o dia 18 de agosto. Ao ser preso, ele confessou seu crime aos policiais. Seu caso ainda não foi a julgamento e ele pode pegar até 15 anos de prisão.

A infância é diferente de qualquer outra fase da vida. É particular, é passional e é magnânima. Os estereótipos e os preconceitos ainda não tiveram tempo nem oportunidade suficientes para permear indelevelmente os corações das crianças e, tampouco, contaminar seus pensamentos que têm toda uma gama pessoal de sentimentos. São imbuídas de sonhos e vivacidade.

Contudo, por não compreenderem a sociedade, as crianças são suscetíveis a cometer vários erros e são sensíveis às diferentes experiências. Portanto, elas precisam de orientação, auxílio; alguém para guiá-las na realidade difusa que o mundo afigura-se a elas. Alguém que sustente seus sonhos, mas que também saiba alertá-las para a crueldade das pessoas. Alguém que as proteja e ensine. E a família cumpre esse papel. Ou, pelo menos, deveria cumprir.

De acordo com o portal de notícias G1 do Pará, 90% dos casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes ocorrem no âmbito familiar, tendo como agressor algum parente. Como se não bastasse esse número aterrador, dados do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) trazem à baila que muitas violências dessa espécie não são denunciadas e que outras tornam-se subnotificação, de forma que só 10% dos casos chegam ao conhecimento das autoridades qualificadas.

O motivo para isso é, muitas vezes, o fato de familiares não desejarem a punição do agressor, que geralmente é um parente. Com essas atuações, a família pode tornar-se um verdadeiro carrasco e comprometer toda a vida da criança.

Diante dessas informações avassaladoras, é quase impossível não sermos golpeados por um temor, porque, com o isolamento social, os casos de abuso sexual sobre crianças certamente haviam de agravar-se. Estados que adotaram o "lockdown" - um confinamento mais rigoroso - foram assaltados com o recrudescimento de ocorrências de abuso infantil, por proporcionar a convivência mais próxima que nunca dos agressores.

Ademais, as escolas fecharam irredutivelmente as portas, atendendo às diligências para o controle do surto pandêmico. Assim, nem mesmo os professores podem ser fonte de ajuda e esteio para essas crianças.

MINAS GERAIS

Em meio a essa avalanche de violências, em janeiro deste ano (2020), aflorou a suspeita de que pelo menos 5000 crianças foram violentadas sexualmente na cidade de Várzea da Palma em Minas Gerais. Um escândalo que só foi trazido à tona quando Ana Paula, agora uma técnica de enfermagem de 25 anos, encontrou forças para denunciar as violências que sofreu dos 9 aos 11 anos de idade. Ela ficou escrevendo cartas por anos, intentando entender o que lhe acontecia, mas acabou por queimá-las. Entretanto, Ana, já adulta, decidiu escrever uma carta de denúncia e a postou nas redes sociais.

Sua revelação abalou os usuários da redes e suscitaram diversas emoções e mesmo revoltas contra o agressor, cujo nome ela não revelou. E para a descrença dos usuários, várias mulheres identificaram-se com a história por ela contada. Mais tarde as cartas foram postas à mesa e a verdade revelou-se. Dinamá Pereira de Resende é um senhor de 54 anos que, por três décadas, desenvolveu atividades religiosas e culturais gratuitas envolvendo crianças (majoritariamente meninas entre 6 e 14 anos) e agora é suspeito por esse palco ignóbil de abusos contra crianças: 5000 crianças violentadas em MG.

TOCANTINS

No estado de Tocantins, a quantidade de abusos sexuais e físicos contra crianças e adolescentes vem crescendo. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Cidadania e Justiça, no estado, no período de apenas oito meses, foram relatados mais de 260 casos de violências de cunho sexual contra menores de idade.

No município Lagoa da Confusão, um homem foi preso por suspeita de tentativa de estupro de uma menina de seis anos de idade. Conforme dito pela Polícia Civil, o homem teria atacado a menina e uma idosa de 83 anos de idade. Posteriormente, ele teria tentado levar a menina à força para uma casa abandonada, mas ela conseguiu chamar ajuda dos moradores locais depois de fugir de seu possível abusador.

Em Porto Nacional, cidade considerada um polo regional próximo a Palmas, outro homem foi detido. Este foi preso em flagrante por estupro de sua própria filha, criança de apenas três anos de idade. A Polícia Militar foi acionada por uma vizinha da criança, que a teria escutado contando o abuso sofrido. A PM invadiu a casa e apanhou o pai sobre influência de bebidas alcoólicas e o levou para a delegacia, onde foi preso. A mãe da criança mencionou à polícia que suspeitava de seu marido.

Outro crime aconteceu em Nova Olinda, que fica na região norte do estado. O homem foi preso e levado para a Casa de Prisão Provisória de Araguaína, após abusar de filha de onze anos. A menina teria sido violentada pelo pai, tio e outros dois homens e, segundo a polícia, essa não teria sido a primeira vez. O homem teria cometido a violência várias vezes e até teria chegado a ameaçar o Conselho Tutelar.

Depoimento

Ruby, uma mulher de sessenta e dois anos que atualmente mora em Londres, capital da Inglaterra, relata sobre os abusos sofridos, que começaram quando era criança, quando ela possuía cinco anos de idade. "Foi muito difícil. Eu nem sabia direito o que era sexo", conta Ruby sobre as violências sexuais.

"Ele (o abusador) vinha fazendo aquilo comigo havia um tempo, e eu não sabia o que aquilo significava. E daí comecei a perceber, por volta dos 11 anos, talvez nas aulas de educação sexual, que era daquele jeito que se fazia um bebê. Fui à biblioteca ler a respeito do sistema reprodutivo. E fiquei meio horrorizada quando entendi que era aquela a forma de engravidar. Quando minha menstruação parou, somei com o que havia lido." Quando tinha treze, descobriu que estava grávida. Após isso, procurou um médico e realizou o procedimento de abortamento.

Mesmo após décadas, ela ainda sofre com danos psicológicos causados pelos abusos. "Eu fiquei muito tempo sozinha, muito vulnerável", conta. "Era basicamente uma sem-teto, vivia de sofá em sofá. Estava acostumada à violência, e continuava a me colocar em situações de risco. Às vezes me pergunto como consegui sobreviver."

Uma maneira que ela encontrou para melhorar foi escrever um livro próprio em 2006 e se dedicar a fazer poesia. "É catártico. É para colocar tudo para fora. E é libertador, principalmente por eu ter tido que suprimir tanto. E tem algo (bom) em colocar tudo no papel. (O abuso) nunca te deixa, mas seu fardo fica mais leve." diz Ruby sobre sua escrita.

Ruby, cerca de seis anos atrás, decidiu buscar ajuda psicológica para melhorar sua saúde mental e superar seus traumas. Ela também menciona querer participar de algum movimento que ajude a diminuir o abuso sexual infantil.

Fontes:https://brasil.elpais.com/brasil/2020-08-17/uma-sombra-de-abuso-sexual-sobre-50 00 -criancas-em-minas-eu-pensava-que-ninguem-ia-acreditar-em-mim.html https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2020/09/10/em-oito-meses-mais-de-260- criancas-eadolescentes-foram-abusados-sexualmente-no-to.ghtmlhttps://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2020/05/23/casos-de-abuso-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-aumentam-53percent-na-quarentena-em-bauru.ghtmlhttps://g1-globo-com.cdn.ampproject.org/v/s/g1.globo.com/google/amp/es/espirito-santo/noticia/2020/08/28/exame-de-dna-confirma-que-tio-estuprou-e-engravidou-menina-de-10-anos-no-es.ghtml?usqp=mq331AQFKAGwASA%3D&amp_js_v=0.1#aoh=15996820716393&referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=Fonte%3A%20%251%24s&ampshare=https%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Fes%2Fespirito-santo%2Fnoticia%2F2020%2F08%2F28%2Fexame-de-dna-confirma-que-tio-estuprou-e-engravidou-menina-de-10-anos-no-es.ghtml

Redação: Giovanna Cecília e Luiza Calazans

Repórteres: Leandro e Paula Barros

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