top of page

Folclore

Foto do escritor: csmnewscsmnews

O mapa é a poeira flamejando na vida pueril

E o veículo são os pés sujos zarpando rumo às paisagens campesinas dos livros

Onde se poderá recontar as histórias dos gigantes com a doçura dos contos de fadas

Cujos verdadeiros desfechos pertencerão apenas ao odor febril

Das melancolias das águas


Assobiando para os meandros, a mulher confidencia o passado em ruínas

Assim como seu vestido pálido abraçando ternamente as cinzas

Dizia: não tenho medo de estar despida com os insetos

Mas assusta-me vê-los

Chocando-se nas janelas embebedados

As pobres criaturas enfardadas nos terrores dos homens

Preconizando a corrida dos abutres

Pois nas guerras os bons soldados são engolidos por lobisomens

E os peixes são alimento para as bombas e seus mestres


Em uma delas perderam a consciência

E condenaram a cor dos uniformes como razão de sua falência

As mãos pelos pés

Os pés pelas mãos

Não foi o que perderam

Além da cabeça


Mas Verônica acendeu os olhos com labaredas

E esculpiu com terra baldia suas proezas

Embora não tenha podido evitar que

Naquelas edificações, onde depositamos as esperanças avessas pelas estrelas ausentes

Desenhamos as constelações com os corações ardentes

Observamos os nascentes e os poentes

Adeus! Adeus!

Tenhamos bifurcado os caminhos e partido com as almas descrentes


Terras verdejantes e lenços!

Explosões e agonia!

Silêncio e selvageria!

Destruição! Destruição! Destruição!

Não olhe! Não olhe! Não olhe!


De repente olho para trás e não há nada

Além dos rios e das estradas

Minha memória é um folclore

E o mapa que a guia implora que eu não o devore

Respondo: Adeus! Adeus!


Autora: Gabriela Queiroz Gomes Galdino

Design: Lara Belico

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page