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O CASO DA BAKER

Foto do escritor: csmnewscsmnews

O caso da Backer surgiu após 8 pessoas que estavam com sintomas de

intoxicação darem entrada no hospital entre os dias 27 de dezembro de 2019 e 05 de

janeiro de 2020, as primeiras informações sobre o caso falavam que os pacientes

estavam infectados com uma doença misteriosa que causava uma intoxicação no

organismo. Foi após a morte do primeiro paciente, Paschoal Demartini Filho, em 07 de janeiro, que a filha deste, Camila, uma farmacêutica, começou a investigar o assunto. Ela entrou em contato com os familiares de pessoas internadas com sintomas parecidos ao da

doença do pai e chegou à substância tóxica: dietilenoglicol. Em 19 de janeiro de 2020,

Camila falou ao Fantástico da Globo: "pesquisando esses casos clínicos é que a

gente achou que o que tinha causado essa sintomatologia neles era o dietilenoglicol”. Segundo o Fantástico também, um dos médicos disse: "o que ajudou muito o nosso

trabalho foi a investigação epidemiológica feita pelas famílias, que chegaram e foram

enfáticas em falar que todos usaram a mesma cerveja”. O programa também enfatizou:

"quando a Camila foi à delegacia pela primeira vez, já trouxe as informações que

tinha apurado. E isso acabou sendo fundamental: foi o ponto de partida da

investigação".

A partir dessa informações a Polícia Civil do Estado de Minas Gerais apurou que

essas 8 vítimas tinham passado os feriados de final de ano na região do Buritis e tinham

consumido a cerveja Belorizontina, que é produzida pela Backer. No dia 09, a Polícia

visitou a cervejaria e, horas depois, numa coletiva de imprensa, anunciou a presença da

substância tóxica dietilenoglicol em duas amostras da cerveja Belorizontina. A empresa foi interditada e as vendas foram suspensas no dia 10. No dia 15, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou que o dietilenoglicol havia sido encontrado na água usada na fabricação da cerveja, sendo que dias antes a Polícia Civil havia encontrado a substância também em um dos tanques de fermentação. Ao mesmo tempo, a Backer apresentou à Justiça um vídeo com um suposto indício de sabotagem nos barris de monoetilenoglicol, substância usada em serpentinas de resfriamento da

cervejaria. No dia 16, a Polícia Civil fez busca e apreensão na distribuidora Imperquímica, que fornecia o monoetilenoglicol para a Backer. A Hipperquímica foi fechada pela vigilância

sanitária de Contagem no dia 17, por não ter alvará para comercializar o monoetilenoglicol

fracionado.

Mais tarde no dia 20 de fevereiro, o Ministério da Agricultura corrigiu o número de lotes

contaminados para 53, incluindo os rótulos Backer D2, Backer Pilsen, Backer Trigo,

Belorizontina, Brown, Capitão Senra, Capixaba, Corleone, Fargo 46 e Pele Vermelha. Em meados de janeiro suspeitou-se que poderia haver cerca de 82 lotes contaminados.

O caso atualmente está fechado, sendo que a causa dessa contaminação da cerveja, de acordo com a Polícia Civil, seria um vazamento provocado por um furo, de 1,5 milímetro no tanque 10 cervejaria Backer, em Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, a confirmação foi possível após a aplicação de uma solução colorante no sistema de produção que apontou os vazamentos. De acordo com os investigadores, a bomba do refrigerador é responsável por bombear a solução refrigerante por canos que passam pela parte externa dos tanques de fermentação e ajudam a refrigerar o produto dentro.

O monoetilenoglicol e o dietilenoglicol são substâncias parecidas, resultantes de um mesmo processo químico e bastante usados na indústria como anticongelantes. Eles são usados como arrefecedores de radiadores de carros e também em fluidos hidráulicos e solventes de tintas, são tóxicos e presentes em vários produtos químicos. A principal diferença entre as substâncias é o nível de toxicidade, ou seja, se uma pessoa consome a mesma quantidade das duas substâncias, o dietilenoglicol causará mais problemas do que o monoetilenoglicol. O dietilenoglicol tem um sabor adocicado e muito sutil, difícil de ser detectado na ingestão, contudo, a substância se torna quase imperceptível e mais perigosa. Os sintomas após a ingestão das duas substâncias são as mesmas: dores abdominais, náuseas, alterações neurológicas, dificuldade de movimentação e insuficiência renal. Eles podem aparecer nas primeiras horas após a ingestão ou demorar dias. Médicos dizem que o antídoto para a intoxicação por dietilenoglicol e monoetilenoglicol é o álcool etílico, que evita a metabolização do álcool tóxico, que será eliminado pelo organismo. Porém, ressaltam que esse antídoto é aplicado apenas por especialistas e desencoraja aqueles que procuram soluções caseiras.

Em questão das famílias, apenas uma das vítimas teve acordo fechado para custear o tratamento, o professor Cristiano Mauro de Assis. Depois de dois meses, a empresa foi à Justiça para suspender o pagamento, mas o pedido foi negado. O restante, além de continuarem com sequelas graves, de audição, visão e motora, não recebem nenhuma assistência financeira da Backer para cobrir as despesas com os tratamentos médicos, que já foi determinado pela Justiça. A empresa alega que, após ter tido os bens bloqueados, não têm recursos para arcar com os custos.

O caso da Backer voltou a assaltar à mídia quando onze funcionários da cervejaria Backer foram indiciadas pela Polícia Civil de Minas Gerais, culpados por crimes como lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio.


Texto por: Bárbara Eliza e Tássia Fernandes.

Pauta: Luís Augusto, Bárbara Eliza e Tássia Fernandes.






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