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Pantanal, as chamas da devastação

Foto do escritor: csmnewscsmnews

Os incêndios que tomam conta do Pantanal há dois meses são os maiores da história. Algumas queimadas nessa região são naturais, principalmente durante o período de

estiagem, quando as temperaturas aumentam e os solos e árvores se tornam mais secos. Entretanto, devido à exploração e ao desmatamento cada vez mais intensos nessas áreas, esse fenômeno, que antes era apenas algo isolado e passageiro, tornou-se algo brutal e devastador.

O aumento dos focos de queimadas se dá, sobretudo, por causa da diminuição de chuvas, causada pelo desmatamento da Amazônia, que tem grande importância para o período de chuvas na região, e pela ação de agropecuaristas, que usam as queimadas para limpar a vegetação e desenvolver pastos e lavouras. No entanto, tais ações estão sendo realizadas de forma inconsequente, causando inúmeros danos ao bioma.

Neste ano, os focos de incêndio foram tão intensos que cerca de 26% do bioma pantaneiro já se encontra em cinzas, o que corresponde a uma área de quatro milhões de hectares. Agora, além desse grande estrago causado pelas queimadas, as cinzas se tornaram a nova preocupação no pantanal. A preocupação da vez é com a ocorrência de um fenômeno conhecido como dequada ou decoada, que é o transporte de substâncias orgânicas pela chuva até os rios, que posteriormente entram em decomposição.

O fenômeno da decoada é tido como um processo natural, porém com as queimadas

constantes se torna um problema. "Uma parte das cinzas chega até os ambientes aquáticos. Esse material, que é orgânico, para ser degradado, vai usar oxigênio dissolvido na água, processo esse que em larga escala pode pôr em risco a vida de muitos peixes, pois essa massa acaba por 'roubar' o oxigênio dissolvido na água e, consequentemente, certas espécies de peixes estarão em risco de morte", explica o biólogo, doutor em Ecologia e professor da Uniderp José Sabino.

Além disso, as queimadas são uma tragédia devastadora para esse bioma que, até então, era um dos mais preservado do país, servindo como abrigo para diversos animais em extinção. Os principais abrigos de fauna foram destruídos no extremo oeste do Brasil. Entre essas áreas está o Parque Estadual Encontro das Águas, conhecido por habitar a maior concentração de onças-pintadas do mundo; a Terra Indígena Perigara, em Mato Grosso; e uma parte da Serra do Amolar, localizada em Mato Grosso do Sul.

Um exemplo desse pesadelo está em uma das mais de 120 pontes da rodovia Transpantaneira (MT-060), em Porto Jofre, a 160 quilômetros da capital de Mato Grosso, onde as chamas se espalham pelos dois lados da pista de terra e toda vegetação ao redor queima, dando uma visão horrível de chamas engolindo o que um dia foi lar de vários animais. “Em situações de incêndio a resposta é de fuga. Os animais vão para todo o lado. Se os incêndios são focais, é menos problemático para a fauna, mas em áreas multifocais, como o de agora, é mais grave. Quando vemos animais como onças-pintadas reagindo assim, é que houve um dano”, diz a pesquisadora Dione Vênega da Conceição, professora de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). “Caso as áreas fiquem constantemente degradadas, a tendência é que as onças passem a circular cada vez mais por áreas urbanas”, completa.


Repórteres: Felipe Martins, Paula Barros, Pedro Lobo, Antônio Bento e Nathalia Thamira Redatores: Luís Augusto, Barbara Elisa, Julia Fernandes e Beatriz Lara Fontes:


https://www.correiodecorumba.com.br/?s=noticia&id=38233 https://brasil.elpais.com/brasil/2020-09-12/pantanal-sofre-a-maior-devastacao https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/09/24/setembro-de-2020-e-o-mes https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/bbc/2020/09/19/as https://mst.org.br/2020/09/12/pantanal-vive-pior-crise-de-queimadas-dos

 
 
 

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