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A morbidade e a cativante transição temporal de Helga

Foto do escritor: csmnewscsmnews

Helga, conto escrito pela autora Lygia Fagundes Telles, constrói-se a partir do ponto narrativo da personagem Paulo Silva, um brasileiro que conta sobre sua vivência na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, na qual assumiu outra face de sua personalidade. Essa outra personalidade é nomeada de Paul Karsten, que serviu como soldado alemão e presenciou um país de inúmeras atrocidades e ao mesmo tempo vivências prazerosas. O encontro com Helga, vítima que a partir dessas brutalidades se torna deficiente de uma perna, foi uma delas. A mulher ganha a paixão de Paulo e se centra como o aspecto principal da obra ao ser descrita pelas memórias do eu lírico.


O conto se estrutura a partir de uma transição temporal bem executada que alterna entre o presente de Paulo em uma conversa com o seu analista e o seu passado de doloridas e culposas memórias como Paul. Essas são reveladas gradativamente ao longo do texto, mas não expressam rapidamente o principal motivo do sentimento de pesar do narrador. Essa construção apresenta uma dinâmica que cativa o leitor durante a história, deixando esse detido nas descrições da personagem e cria uma mistura de curiosidade e imersão no universo de Paul Karsten. Esse ambiente também apresenta uma excelente caracterização pela autora, que consegue captar duas perspectivas de um mesmo contexto, fato que reflete no sentimento de Paul pela mulher amada, que a todo momento ressalta a beldade de Helga contrastada com a sua experiência na guerra.


A guerra não parece se assemelhar muito com a personalidade do narrador, pois durante a trama ele não se identifica com esse contexto, porém essa situação muda quando no exato final do conto de uma maneira intrigante, é revelado o crime de guerra da personagem, o qual ele tanto se lamenta e falha ao tentar se recuperar desse mórbido evento. Essa chocante revelação representa uma finalização perfeita para a tamanha intriga do leitor, o que completa ainda mais o caráter sentimental da trama e a constitui como uma ótima recomendação de leitura rápida, mas reflexiva e atraente.


Resenha crítica feita pela aluna Ana Júlia Lia Silva Oliveira, do 1 ano TA.

Texto analisado: Helga- Lygia Fagundes Telles.

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