Dedicamos esse espaço no nosso Jornal para expor as manifestações artísticas dos alunos do Colégio Santa Maria Minas. Aqui, são bem-vindas quaisquer tipo de expressão, desde que o autor a considere como uma arte. Muitas vezes, somos cercados de pessoas que fazem trabalhos incríveis e nunca chegamos a conhecê-los. Essa é uma forma de mostrar talento, sensibilidade, expressão e que possamos nos lembrar que, apesar de tudo, somos arte.
Renascer
Renascer,
Palavra do dicionário que é ressurgir das cinzas,
Palavra que mata,
Envolve,
Transborda dificuldade,
Mas no fundo é uma dádiva que poucos têm.
É problemática,
Cheia de emblemas,
Tão imersa de enigmas,
Que nem mesmo o maior detetive pode ser capaz de desvendar.
Somente os cavaleiros de armadura de ouro podem exibir essa conquista,
Só pelo fato de eles serem capazes de dar um grande salto em meio ao escuro,
E eu lhe asseguro,
Eles sim são as verdadeiras fênixs.
Alice Maia da Costa Silva, 3° JB
És bem vinda
eu sei que você vai ficar comigo só um pouco
então aproveita esse tempo que a gente tem e depois segue sua vida
mas se quiser ficar mais ou voltar algum dia;
és bem vinda
senta e espera um pouquinho
daqui a pouco eu me solto
e vou ser eu mesmo
eu tento disfarçar porém não dá
és bem vinda.
André Alves, 1° TD
O Sol
hoje o sol não nasceu.
permaneci no escuro por mais tempo do que posso contar, envolvida pela melancolia
do vislumbre de uma vida inalcançável. possibilidades infinitas de se distrair do fato
de que vou morrer um dia e todos que eu conheço também vão. vivemos em ciclo
vicioso de vitoriosos derrotados, depressivos extasiados, ricos pobres de alma e
almas pobres de sol.
porque o sol não nasceu hoje.
e não nascerá amanhã.
amanhã, quando as mentes sedentas procurarem abrigo no útero da mentira, se a
noite virar dia, a verdade iria reinar?
não.
porque a noite não vira dia,
levando em consideração que
o sol não nasceu.
falta de luz deixa mentes vazias no breu, enquanto mentes brilhantes trabalham num
mundo que esteve escuro por séculos, mas nós só percebemos hoje. o blackout
generalizado das nossas cabeças tem evoluído enquanto nos calamos diante de um
oceano de podridão no qual ninguém arrisca se afogar. não vale a pena se sacrificar
por um povo que anda em círculos desde a primeira criança que morreu de fome.
desde o dia em que o que temos entre as pernas vale mais do que temos na cabeça,
que a cor da pele passou a separar nações e a beleza nos tornou débeis, o sentido da
nossa existência se resumiu a escuridão.
porque desde esse dia o sol não nasceu
e não nascerá nunca mais.
Maria Clara Campos, 1° TD
Covid-19
Uma realidade do século
Um vírus , uma doença
Entrará nos livros de história
Estará nos pesadelos.
Um vilão de coroa;
Um vírus da realeza;
Veio pra mostrar a importância da vida,
Ou a falta dela;
Um vírus que trouxe a força do amor ,
Ou a falta dele ;
Um perigo mundial;
Corona vírus.
Matheus Augusto Rodrigues 1° TD
continuo me perguntando
por onde escorrem
as cascatas de seus cabelos?
na orla de quais lençóis
quebram as ondas do seu corpo?
não saber me dá calafrios que vão
até a ponta dos dedos
o que aquecem seus braços
se não os meus?
e o que te deixou aos cacos
para que partisse
sem dizer adeus?
que olhares admiram sua beleza
tão invasiva que é intrusa
em meus sonhos de maior tristeza
que bares têm agora
o prazer de te ouvir cantar?
por onde andam esses pés
que nunca se cansam de dançar?
quais corações erram as batidas
com seu olhar que os atravessa?
quem está ouvindo seu riso alto?
quem te vê desfilar naquele salto?
onde seu batom
anda escrevendo seu beijo?
em que vida você deixa saudades
se não na minha?
quais poesias estão sendo escritas
sobre seus olhos castanhos?
quais versos derramam a paixão
que eles transbordam?
esses aqui, com certeza
almejo o dia em que verei com clareza
que não importa de quem
são os dias nublados
que você anda iluminando
pois é nesse triste canto
que você vai sempre radiar
são em minhas madrugadas
que ainda vou te ouvir cantar
são em minhas lembranças
que ainda vou te amar
e me alegrar de saber
que em algum momento
eu pude te ter.
Sophia Amorim Gomes das Mercês 9° FC
ando na rua sozinhO
é noite
corro pro ladrão não me pegar
é um dia
ando na rua sozinhA
corro pro moço não me estuprar
é dia. corro
é tarde. corro
é noite. corro
é madrugada. nem cogito!
madrugada já é hora de moça estar em casa
e ai dela se desobedecer!
ando cansada de tanto correr
e de não poder chorar
corro dos olhares insaciáveis que devoram
qualquer carne ou alma feminina
com medo, mas sem poder gritar.
corro dos puxões de braço que causam marcas e
calafrios
com ódio, mas sem poder demonstrar.
cada hora, cada minuto, cada segundo.
corro deles.
corro do motorista, do vendedor, do médico, do
padrasto, do primo, do tio, corro até do pai
ai de mim se parar de correr!
corro das estatísticas
das facadas
dos socos
dos gritos
das ameaças
E ainda assim eles me pegam.
Pois já nasceram com mil metros de perna, e eu
sou obrigada a crescê-las
Nayara Demétrio, 1° TA
Cura
Minha casa é pintada de listras pretas e brancas
Para compensar a ausência de cortinas e alavancas
De emergência
E disfarçar toda a incoerência
De minhas discussões levianas
Durante o banho
Mergulho-me na sopa de ervas
Caldeirão de bruxa, movimento estranho
Das minhas pernas, esticando-se, ardilosas
Buscando pelas chaves reservas
Para fechar o ferimento, e curar todas as sensações desgostosas
Traga-me as poções, lacradas em jardins proibidos
Distantes de quaisquer ruídos
Das minhas orelhas pontudas, das minhas promessas malucas
Protegidas de mim e da minha negação de liberdade
Pura maldade
Traga-me a cura
Embalada em frascos tortos e bonitos
Empoeirada com cinzas de anjos caídos
Derrame-a na banheira
De maneira simples e sorrateira
Abra todas cortinas, as portas e as janelas
E deixe-me sucumbir à verdade
E deixe que minhas mãos amarelas
Batam em meu rosto descrente
E transportem-me à realidade
Além da solidão
Existe um terceiro olho, benevolente
Esperando por mim, impaciente
‘’Derrube os muros’’, ele diz
E eu sou sua imperatriz
Por isso obedeço, e derramo lágrimas de
celebração
Esse é o grito
De libertação
Gabriela Queiroz Gomes Galdino, 1° TD
Obs: Caso tenha interesse em participar das próximas exposições, favor contatar a aluna Maria Clara Campos, do 1o TD, pelo WhattsApp (994714633), Twitter (@bbahhia), ou Instagram (@mbhia_).
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