No dia quatro (4) de agosto deste ano, uma explosão no porto abalou a capital do Líbano, Beirute, deixando centenas de mortos, milhares de feridos e destruindo tudo ao seu redor. O acidente ocorreu após um grande incêndio que atingiu um galpão que armazenava 2.750 toneladas de nitrato de amônio de forma inadequada, um composto comumente utilizado na fabricação de fertilizantes, segundo as autoridades libanesas.
Hassan Diab, primeiro-ministro do Líbano, anunciou recentemente a sua renúncia após o acidente. Em uma declaração pública, o ex primeiro-ministro afirmou que a explosão foi obra do “resultado de corrupção endêmica”.
Estima-se que a explosão provocou mais de US$ 3 bilhões em danos na infraestrutura e em torno de US$ 15 bilhões na economia. O Líbano já enfrentava, antes da explosão, crises econômicas e políticas, que desvalorizou a moeda libanesa e aumentou os preços de alimentos e produtos de necessidade básica, deixando famílias em situação de fome e pobreza.
De acordo com a ONU é possível haver uma crise humanitária caso alimentos e medicamentos não forem levados com rapidez. Isso dificulta pelo fato do porto, destruído na explosão, ser a principal via de abastecimento de Beirute.
Cerca de US$ 300 milhões foram prometidos por doadores internacionais em ajuda ao Líbano.
Satélites captam devastação causada por explosão no Líbano
Satélites mostraram imagens do antes e depois da grande explosão que abalou o Líbano, e as fotos são surpreendentes.

Sonda SkySat registrou o antes e depois do acidente. A Planet San Francisco publicou no dia cinco (5) de agosto em seu Twitter as fotos corporativas. E empresa de tecnologia espacial, Maxar, também compartilhou as imagens capturadas de seus satélites.
Como o porto explodiu?
O navio responsável pela explosão, que carregava 2.750 toneladas de nitrato de amônia, estava no porto de Beirute desde 2013. Estava lá, porque teve problemas em sua rota inicial e foi obrigado a parar em Beirute, porém pelo navio não ter pago as taxas portuárias, foi impedido de retomar sua rota inicial.
Os funcionários da alfândega libanesa afirmam que alertaram ao governo sobre o perigo da carga do navio que estava parado no porto, porém foram constantemente ignorados, foi possível constatar 6 cartas enviadas ao governo libanês vindas dos funcionários da alfândega, pedindo a retirada do nitrato de amônio do porto, mas o governo afirma que eles insistiram para que o material fosse exportado do porto, não tiveram sucesso e o governo não definiu o por que da falha até o momento.
16 funcionários do porto de Beirute São detidos pelas autoridades
No dia seis (6), funcionários do porto de Beirute foram detidos para investigação. Desde junho de 2019, foram feitas várias queixas sobre o mau cheiro que havia no armazém. Na época tiveram investigações sobre, foi determinado que nesse armazém tinham materiais perigosos que deveriam ser retirados do local e que as paredes do armazém estavam danificadas.
A direção do porto estava ciente dos materiais periculosos e haviam mandado funcionários para fazer obras no local, segundo fontes, essa obra foi a origem da tragédia. Mais de 18 trabalhadores desses setores foram interrogados pelas autoridades libanesas, desses funcionários, 16 foram detidos.
Depoimentos de pessoas presentes no momento da explosão:
"Dirigi para Beirute no início da noite, quando ainda estava claro, foi um caos absoluto. As ruas estavam literalmente cobertas de vidro. É difícil para as ambulâncias passarem - há tijolos, lajes de cimento. Casas desabaram. “Quando cheguei ao porto, ele havia sido fechado pelo exército. O exército disse para ficar longe caso houvesse uma segunda explosão. “Ainda havia fumaça subindo para o céu tarde da noite. A cidade inteira estava preta. Era muito difícil andar por aí, as pessoas estavam cobertas de sangue. Os carros foram totalmente destruídos por pedras. Estas casas antigas com grandes cortes de pedra tinham acabado de cair na rua. "É um pandemônio no meu próprio apartamento, todo o vidro está quebrado. A extensão dos danos é extrema. Mesmo em um shopping a 2 km de distância - toda a fachada foi quebrada."
Disse Hadi Nasrallah, testemunha ocular falando para a BBC.
"Os esforços para contatar os proprietários e arrendatários do navio, bem como os compradores da mercadoria para pagar as taxas, não tiveram sucesso", relataram os advogados.
"Eu estava confusa e toda coberta em sangue. Isso me trouxe memórias de outra explosão que eu testemunhei na embaixada dos Estados Unidos em 1983."- disse a designer Huda Baroudi que foi empurrada por alguns metros pela explosão. "Meu prédio chacoalhava, estava prestes a cair. Todas as janelas abriram com a força."- disse a correspondente da BBC Lina Sinjab. "Estilhaços de vidro cobriam a estrada que leva ao norte de Beirute, com um trator removendo os destroços."
Disse o jornalista Rami Ruhayem
Fontes:
Repórteres: Leandro Monteiro, Vinicius Barros, Artur Romero, Nathália Thamira e Ana Clara Maia
Redatores: Gabriela Miranda, Julia Fernandes, Gabriel de Oliveira
Desing: Lara Belico
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