A Escola de Cinema Darcy Ribeiro é referência na formação e produção
cinematográfica do Rio de Janeiro e foi declarada Patrimônio Histórico Cultural
imaterial do Estado do Rio. Instalada em uma sede no Centro do Rio desde 2000,
sua atividade é mantida há mais de 20 anos. Todavia, o local pertence aos
Correios, dessa forma, por causa do projeto do Governo Federal de privatização
dos Correios, o objetivo é tornar o local uma sede estadual. Os Correios, que
recorreram à justiça pelo direito ao edifício, já conseguiram a emissão de um
mandado de reintegração de posse, que pode ser colocado em prática a qualquer
momento.
A escola possui diversos cursos de várias áreas do cinema, como montagem
e edição de imagem e de som, direção, roteiro e produção audiovisual. A escola é
bastante conhecida por formar grandes nomes do cinema e ainda possuir um
grande percentual de alunos que rapidamente conseguem se inserir no mercado de
trabalho. Ela presta serviço de interesse ao público, por isso, de acordo com a juíza
do Rio, Geraldine Vital, deve ter tempo para que a desocupação não ocorra de
forma forçada.

Na realidade, o prédio já deveria ter sido desocupado, mas em razão da
pandemia da Covid-19, esse processo foi adiado. “Em todos esses anos, demos
visibilidade aos Correios por abrigar uma escola tão importante para o Brasil. A
Escola formou 20 mil alunos. Começamos oferecendo um terço de vagas gratuitas
para jovens de periferia e estávamos com dois terços agora. Conseguimos salvar o
imóvel e 20 mil jovens que formamos”, diz a diretora da Escola, Irene Ferraz.
Em uma nota enviada pelos Correios ao site “Papo de Cinema”, a empresa
tenta colocar sua versão dos fatos: “Há quase uma década os Correios tentam
resolver a situação da ocupação do imóvel pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro,
que não possui qualquer amparo legal, formalização ou contrapartida institucional. A
demanda pela devolução do prédio aos Correios – localizado na Rua da Alfândega
– encontra respaldo no projeto de otimização da carteira imobiliária da empresa.
Reiteradas vezes, os Correios apresentaram à Escola as condições e os critérios
exigidos para a celebração de um novo contrato de patrocínio. A instituição, por sua
vez, não apresentou a documentação necessária. Vale ressaltar, ainda, que a
Escola não apresentou sequer o projeto atualizado junto ao Programa Nacional de
Apoio à Cultura (Pronac), documento fundamental para a negociação.”
Porém, o despejo da Escola não se trata somente da desocupação do
imóvel, mas sim de uma perda enorme na cultura e no cinema brasileiros. De
acordo com o vereador Reimont (PT), o audiovisual fatura R$ 55,4 bilhões no Brasil
e quase R$ 3 bilhões em impostos. Esse fato representa a diminuição da
democratização do acesso ao cinema no Brasil, que foi inclusive tema do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2019, mas que parece não ser muito bem
representado no nosso país e não receber a atenção merecida.
Durante a pandemia, a escola continua com suas aulas online e recebe o
apoio de muitas pessoas que alegam que o despejo da escola pode representar
um exemplo da diminuição do acesso ao cinema nas favelas e no subúrbio, assim
como a falta de democratização da cultura no país. A indústria audiovisual vem
ganhando destaque no Brasil e contribuindo para a arrecadação de impostos e
para gerar empregos. A cultura tem um importante papel na formação do país e de
acordo a produtora Renata Magalhães, é importante para a cultura e a economia
da cidade não descontinuar a formação dos profissionais.
A Escola tem um significado cultural muito importante para o nosso país.
Além de formar vários profissionais renomados, seria um corte ao acesso da
cultura no Brasil, que já sofre empecilhos para conquistar esse acesso.

Fonte:
https://www.vozdascomunidades.com.br/colunas/opiniao/opiniao-desmonte-cultural
-o-despejo-da-escola-de-cinema-darcy-ribeiro-e-o-acesso-ao-cinema-nas-favelas-e
-no-suburbio/
https://www.causaoperaria.org.br/despejo-da-escola-de-cinema-darcy-ribeiro-em-n
ome-da-privatizacao/
Repórteres de campo: Brenda e Mariana
Redatores: Ana Luíza Mota (revisora do texto), Ana Carolina, Lisandra e Samuel
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