top of page

A Justiça Não tem Cor

Foto do escritor: csmnewscsmnews

Atualizado: 21 de jul. de 2020

O racismo é a denominação da discriminação e do preconceito (direta ou indiretamente) contra indivíduos ou grupos por causa de sua etnia ou cor. Este possui três tipos:


- Preconceito e discriminação racial (crime de ódio racial): é uma forma direta de racismo, e um indivíduo ou grupo que se manifesta de forma violenta física ou verbalmente contra outros indivíduos ou grupos por conta da etnia, raça ou cor, bem como nega acesso a serviços básicos (ou não) e a locais pelos mesmos motivos.


- Racismo institucional: também é uma forma direta de racismo, e é a manifestação de preconceito por parte de instituições públicas ou privadas, do Estado e das leis que, de forma indireta, promovem a exclusão ou o preconceito racial.


- Racismo estrutural: é uma forma indireta de racismo, mas é umas das mais perigosas por ser de difícil percepção, e trata-se de um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas embutido em nossos costumes e que promove, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.



O racismo não é um ato que surgiu atualmente, ele teve sua origem no período da colonização, evidenciadas nos séculos XVI e XVII, que foi um período de expansão marítima e colonização do continente americano. Durante o processo de colonização os europeus começaram a escravizar os povos africanos. E assim, para justificar a escravidão, os europeus utilizaram teorias que se baseavam em uma suposta hierarquia de raças em que brancos estariam no topo dessa espécie de pirâmide, seguidos pelos asiáticos, indianos, indígenas e negros. Dessa forma, com o passar dos anos, mesmo que tivesse ocorrido a abolição da escravidão e que o racismo tivesse sido considerado um crime, pessoas de raças diferentes continuam a sofrer com as desigualdades, preconceitos e exclusões, pois não ocorreu uma política de inclusão para populações que ficaram tempos afastadas da educação, da liberdade e até mesmo da sociedade, além de que muitas raízes preconceituosas se mantiveram na cabeça de várias pessoas.

As marcas entre desigualdades raciais perduram até hoje nas taxas de desemprego, nos processos seletivos de faculdades e universidades, remunerações, habitações e qualidade de vida e vários dados apontam isso. As pesquisas PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que no terceiro trimestre de 2018 há um maior desemprego entre pardos (13,8%) e pretos (14,6%) do que na média da população (11,9%) e ainda a taxa de analfabetismo é mais que o dobro entre pretos e pardos (9,9%) do que entre brancos (4,2%), de acordo com a PNAD Contínua de 2016. Ainda em 2016 a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros e a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras.


Apesar de todos esses acontecimentos, a luta dessas pessoas por representatividade, visibilidade, igualdade e espaços de poder é persistente. Uma grande conquista adquirida no Brasil, por exemplo, foi a política de cotas. Além disso diversos movimentos políticos, artísticos e culturais que visam combater essa discriminação estão ganhando força. Nesse momento o Brasil e o resto do mundo testemunham protestos por igualdade racial nos Estados Unidos com manifestações antirracistas após diversos acontecimentos, como a morte de George Floyd, que é considerado racismo institucional.

George Floyd, de 46 anos, foi contido pelo policial Derek Chauvin, em Minneapolis, Estados Unidos, de maneira agressiva, no dia 25 de maio de 2020. O policial pressionou seu joelho contra o pescoço de Floyd por longos minutos, ainda que testemunhas filmassem o ocorrido e que George tenha repetido várias vezes que não conseguia respirar. Ele foi declarado morto algum tempo mais tarde.

Diante desse episódio, as ruas americanas se encheram de manifestantes, que voltaram a reivindicar por igualdade independente da cor de pele e fazer uma espécie de denúncia acerca de como os policiais americanos tratam os negros no país, retomando assim, um movimento criado em 2014, que teve como tema a hashtag #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam). As manifestações não ficaram somente nos Estados Unidos, mas, com a enorme repercussão da morte de Floyd, outros países aderiram ao movimento, em um gesto solidário e de luta por direitos também, como é o caso do Brasil, que teve a mesma hashtag extremamente divulgada e diversas manifestações, mesmo com o país ainda em isolamento social.


Os manifestantes e as pessoas que se mostraram a favor do movimento e da luta espalham mensagens de conscientização e apoio por meio das redes sociais. Um exemplo disso foi o #BlackOutTuesday, em que essas pessoas destinaram a terça-feira do dia 02 de junho de 2020 para fazerem postagens somente sobre a causa e não compartilharem nenhum conteúdo pessoal, dessa forma, tentando alcançar uma maior quantidade de pessoas para se informarem sobre o tema.

As manifestações são a forma pela qual as pessoas encontram de reivindicar por seus direitos, além de conscientizar as pessoas em relação a temas importantes. As manifestações antirracistas reuniram uma enorme quantidade de pessoas pelo Brasil e se configura no marco de uma importante mudança internacional com a reação popular contra o assassinato de George Floyd.

E nesta quarta feira (3), o Papa Francisco afirmou na Audiência Geral que é "intolerável" qualquer forma de racismo, “Não podemos pretender defender a sacralidade de toda a vida humana e fechar os olhos ao racismo e à exclusão”; e também condenando “todas as formas de violência, das quais nada se ganha e muito se perde”. As palavras de Francisco foram precedidas pelos discursos dos bispos estadunidenses, que expressaram compreensão pela indignação da comunidade afro-americana, apontando como o racismo foi tolerado por muito tempo, mas também como a violência é autodestrutiva.

Mas, se quisermos reverter essa situação, precisamos principalmente começar pela educação, pois queira ou não, a forma mais eficiente de reduzir as desigualdades é por meio da educação, ensinando para todos que ninguém é superior ou melhor que ninguém, pois todos temos os mesmos direitos e deveres em uma sociedade. E até que o mundo inteiro entenda isso, vamos ainda continuar sofrendo com práticas racistas.


Comments


bottom of page